Apesar
de ter virado moda há pouco tempo, os fones de ouvido já estão
presentes no mercado bem antes de ouvirmos falar em MP3 player, iPod,
iPhone, etc. Os fones tornaram-se mais comuns em meio aos adolescentes,
mas os mais velhos também aderiram ao acessório. Prova disto é que até
mesmo os aparelhos de telefone agora possuem entrada para fones de
ouvidos, os quais, em muitos casos, já fazem parte do kit básico que vem
junto com o aparelho.
Com
a popularização dos MP3 players, tornou-se muito comum encontrar
pessoas com fones de ouvido nos mais variados ambientes, com o
transporte público seguindo como líder absoluto do lugar que possui mais
pessoas “surdas” por metro quadrado.
Não
é de hoje que existe uma preocupação grande com as pessoas que passam
muito tempo fazendo uso deste acessório aparentemente inofensivo. Muitos
estudos e pesquisas têm sido feitos nesta área, e os resultados são
preocupantes. Mas será que isso tudo é verdade? Será mesmo que a
utilização dos fones de ouvido pode prejudicar a nossa saúde?
Entendendo um pouco o decibel
Para
facilitar a compreensão dos dados mostrados mais abaixo é preciso que o
usuário esteja mais familiarizado com a unidade utilizada para medir a
intensidade de um som, o decibel. Na escala decibel, o menor som audível
possui uma intensidade de 0 dB. Como se trata de uma escala
logarítmica, um som dez vezes mais forte do que o menor som audível
possui intensidade igual a 10 dB, um som cem vezes mais forte, 20 dB, um
som mil vezes mais forte, 30 dB, e assim por diante.
Para ficar mais claro, que tal um ideia prática? Confira abaixo a intensidade de alguns sons mais corriqueiros.
· Quase silêncio total - 0 dB.
· Sussurro - 15 dB.
· Conversa normal - 60 dB.
· Buzina de automóvel - 110 dB.
· Show de rock - 120 dB.
· Tiro ou rojão - 140 dB.
A
exposição a um som com intensidade de 90 dB por mais de sete horas pode
causar alguns danos à audição, mas basta um segundo para que um som com
140 dB de intensidade cause danos irreversíveis à sua audição, chegando
a causar dor.
Hein?! Hã?! Não ouvi, pode repetir?!
É
normal às vezes não conseguirmos ouvir o que a outra pessoa está nos
falando, principalmente se tiver muito ruído no ambiente. Mas se isto
está se tornando muito frequente, mesmo em ambientes silenciosos, e você
é um utilizador assíduo de fones de ouvido, saiba que pode ser um sinal
de que alguma coisa não está muito bem com sua audição.
Em
uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, mais da metade dos
adolescentes entrevistados, todos “dependentes” de fones de ouvidos,
apresentaram três dos principais sintomas de perda de audição: ouvir
constantemente zumbidos e barulhos de campainhas, aumentar o volume da
TV e do rádio, dizer “Hein?!”, “Hã?!” e “O quê?!” durante conversas normais e em ambientes pouco ruidosos.
Algumas
pessoas apresentam ainda sintomas secundários, como o surgimento da
labirintite, tontura e dores de cabeça em excesso (com a concentração na
dor nas têmporas). Mas não somos apenas nós, usuários e pessoas comuns,
que sofremos com o som alto e os problemas no uso indevido dos fones de
ouvido.
Também é comum o relato de músicos famosos que sofreram lesões permanentes no canal auditivo. O vocalista da banda Jota Quest,
Rogério Flausino, perdeu trinta por cento da audição do ouvido direito
devido à exposição excessiva ao som de alta intensidade. Além dele, Eric Clapton e Phil Collins também disseram ter problemas auditivos.
Então não vou mais usar fones!
O
maior problema não é o uso do fone de ouvido em si, mas sim o exagero
de muitas pessoas. Quantas vezes já aconteceu de você pegar ônibus ou
passar por uma pessoa com fones de ouvido que estava com o volume tão
alto que era possível ouvir a música claramente mesmo estando longe?
Pois é, este é o real problema quando o assunto é a saúde auditiva.
Nossos
ouvidos aguentam uma intensidade sonora de até 75 dB sem sofrer dano
algum, acima disso a audição já começa a ser prejudicada. Quanto maior
for a intensidade, menor é o tempo que podemos ficar expostos sem sofrer
as consequências mais tarde.
Há,
no entanto, outro problema muito freqüente relacionado aos fones de
ouvidos, mas ainda desconhecido por muitos: a dependência. Assim como a
dependência química, há relatos de pessoas que tornaram-se dependentes
dos fones de ouvido e não conseguem fazer absolutamente nada sem eles,
mesmo que não esteja tocando música alguma. Em casos mais graves, os
usuários chegam a apresentar sintomas da chamada crise de abstinência.
Dois
dos principais sintomas desta dependência são a dificuldade de
concentração e o nervosismo excessivo da pessoa quando ela não está com o
acessório “pendurado” nas orelhas. A agressividade repentina também
pode ser um indicativo de que a pessoa está precisando de ajuda, antes
que a situação se agrave.
Mas afinal, faz mal ou não?!
O dito popular já fala: “tudo o que é em excesso, faz mal”.
Com os fones de ouvido não poderia ser diferente. Se usado
corretamente, por períodos não muito longos, e com a música, ou o que
você estiver ouvindo, em um volume que você, e apenas você, consiga
ouvir claramente, não há problema algum.
Do contrário pode ser que, além de incomodar as demais pessoas que estão a sua volta, você comece a ter problemas de audição.
No
começo pode parecer apenas um zumbido ou uma dorzinha chata, mas no
futuro pode tornar-se um trauma irreversível e será preciso conviver com
isto o resto da vida.
Então,
já sabe, se começar a perceber algum destes sintomas, pode ser que
esteja na hora de rever a maneira com a qual você utiliza os fones de
ouvido. Fora isto, é só aproveitar e curtir.
Alguém
aí tem amigos ou conhecidos que está começando a ficar surdo? Será que
você não está apresentando os sintomas citados acima e nem percebeu?
Fique atento, é uma questão de saúde!
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